“Ir para o deserto é, em primeiro lugar, partir em direção a si mesmo. Para se conhecer verdadeiramente a si mesmo é preciso deixar um certo número de memórias com as quais confundimos a nossa identidade. Deixar o conhecido, o reconhecido que cremos ser, pelo desconhecido, o não-conhecido que somos.”
Jean-Yves Leloup – Deserto, Desertos
Entramos em “quarentena” em pleno período da Quaresma. A Quaresma passou, continuamos em isolamento (Quaresma 2020: 26 de fevereiro a 9 de abril).
Compulsoriamente nos afastamos fisicamente até das pessoas mais queridas, obrigados a nos recolher em nossas bolhas pessoais.
Há milênios Jesus se retirou para meditar e enfrentar “seus demônios” no deserto. Esse período de recolhimento de Jesus recebeu o nome de Quaresma.
Para alguns pode ser desafiador se recolher e ficar em sua própria companhia, com seus medos, suas expectativas, suas sombras.
Sempre teremos escolha: enfrentar nosso deserto pessoal e refletir, ou simplesmente aproveitar o momento para focar ainda mais no externo e nos anestesiar com as superficialidades do mundinho virtual.
Talvez o Universo esteja colocando cada um (e toda a humanidade) no banquinho da vida para pensar, rever valores, avaliar os caminhos e metas que estamos buscando individual e coletivamente.
Estamos todos interconectados – conectados uns aos outros por fios invisíveis, fios energéticos, como parte das Leis que regem a existência – conectados e mergulhados na imensa malha energética que envolve o planeta Terra, a Malha Crística, na qual podemos escolher compartilhar o bem, o positivo.
Então, não estamos distantes nem separados. Não estamos sós, mesmo nesta fase de distanciamento social.
O deserto interior é pleno de vida e possibilidades
Quando mergulhamos em nós mesmos criamos a possibilidade de entrar em contato com quem somos – um eu interior que pode ou não ser parecido com o eu que se movimenta no mundo externo, a personalidade, a máscara social.
Geralmente, a máscara adotada tem a função de nos ajudar a lidar com as regras do mundo exterior, facilitar a adaptação, ser aceito e amado, mas infelizmente essa máscara tende a abafar a identidade do espírito.
A personalidade (persona=máscara) é uma vestimenta efêmera, superficial, que costuma sufocar a essência do ser.
A consciência a respeito do eu interior é conquistada, construída, expandida e passo a passo é possível vencer as resistências que nos mantêm limitados à máscara.
Vencer o que limita, impede e bloqueia traz a liberdade para simplesmente SER. Como se você ampliasse a permissão que dá a si mesmo para se manifestar no mundo através desse eu interior, verdadeiro.
Momentos de silêncio, de recolhimento são o deserto – esse é o ambiente ideal para que o encontro interior aconteça.
Numa interiorização você viaja para dentro e assim, no silêncio da meditação, a viagem ao deserto é facilitada e permite momentos nada áridos, ao contrário do que se imagina ao pensar no deserto.
Descobre-se a intensa vida que pulsa no interior – uma vida que apenas aguarda sua permissão para se manifestar no exterior preenchendo as lacunas, respondendo às dúvidas, trazendo plenitude.
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